Diminuição de custos, flexibilidade e redução do contágio são três das vantagens desta nova ferramenta
Antigamente, ir à farmácia comprar medicamentos obrigava a deixar a receita médica no estabelecimento. Não havia liberdade de escolha para os pacientes. Com a receita sem papel, os utentes já podem ir a várias farmácias e escolher os medicamentos que querem aviar e ao preço mais conveniente. Esta ferramenta coloca os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), como um dos finalistas na categoria “grandes empresas” do Prémio Inovação NOS, uma iniciativa realizada em parceria com o Dinheiro Vivo e a TSF.
“A receita sem papel é uma ambição antiga, que já passou por vários ministros. Foi preciso consolidar processos até chegarmos aqui, como o registo nacional de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a referência digital dos médicos – base de dados que mostra quem tem autoridade para prescrever medicamentos -, a assinatura digital e a prescrição centralizada”, refere Henrique Martins, presidente da administração dos SPMS.
Há mais de 20 mil médicos que já prescrevem medicamentos com o cartão do cidadão. O SNS é o maior caso de sucesso, com 97% das receitas sem papel. No privado, esta percentagem é mais baixa, porque, por exemplo, os “medicamentos manipulados não permitem prescrição eletrónica e, na urgência, há médicos que estão a trabalhar sem cartão e que não podem ser impedidos de ajudar os doentes”. Há ainda os casos de pequenos consultórios cujo software não cumpre os requisitos da SPMS.
A assinatura da receita é feita digitalmente – o médico utiliza o cartão da Ordem dos Médicos ou o cartão do cidadão e coloca no computador um código. Pergunta, depois, se o paciente quer receber a receita por email, mensagem de telemóvel (sms) ou ainda em papel. É neste ponto que a adesão dos doentes ainda é muito diferente da dos médicos. Só 4% das receitas acabam por ser verdadeiramente sem papel. São 5000 pessoas por dia. Os mais idosos ainda preferem a versão impressa “para dar uma sensação de conforto e de segurança”.
A poupança é outra das grandes vantagens da receita sem papel. Em fevereiro eram impressas, em média, sete milhões de folhas A4 por mês; em outubro, eram apenas 1,5 milhões, uma redução de praticamente 80%. Além disso, com o novo formato das receitas é possível introduzir mais medicamentos de uma só vez; em vez de quatro folhas, apenas é necessária uma. Há uma diminuição dos gastos com tonners e há menos despesas de manutenção das impressoras.
Permite também que as receitas sejam pedidas através de uma chamada. O paciente telefona ao médico, que emite uma receita eletrónica e que a envia através do telemóvel. A sms pode, depois, ser reencaminhada para outra pessoa que esteja na farmácia a levantar os medicamentos. “O pai ou a mãe escusam de ir à farmácia com a criança doente e infetar as restantes pessoas”. A SPMS está ainda a preparar a internacionalização desta receita. “A partir de 2018 poderemos disponibilizá-la fora do país. Posso ir ter com o médico em Portugal e pedir para levantar os medicamentos na Suécia”.
A receita sem papel é só uma das novas ferramentas que os SPMS estão a introduzir para os pacientes. Até final do ano será lançada a carteira eletrónica da saúde. “Vamos ter uma aplicação no telemóvel que permite guardar o guia de tratamento”. Este guia de tratamento também poderá começar a enviar alertas via smartphone. “Poderemos avisar que daqui a cinco dias acaba uma determinada baixa. Ou lembrar a toma de medicamentos, sobretudo aos mais jovens, que estão sempre a correr.”
No futuro, a entidade que centraliza as compras no SNS pondera utilizar as boxes da televisão para difundir informação, além de transformar o smartphone num “ponto de acompanhamento digital”, em que são comunicados os sinais vitais. A SPMS também está a preparar um novo centro de contacto no SNS, “muito mais sofisticado do que a Linha Saúde 24”.
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